quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

IMEDIATO INDETERMINADO.. À Poe !

Um Poema.
Uma Anêmona.

Um Conto.
Um Corvo.

Um Conto
Notí..vago..
& negro

Como
Um morcego!

Um Poema Estânico-

Um Labirinto De Palavras.

Estranho..

Como
Um
Ornitorrinco!

Vida em Marte!

As Obras De Arte.
As Sobras Da Arte.
As Dobras Em Arte.
As Cobras Da Arte.

As Obras Em Marte.
As Sobras De Marte.
As Dobras De Marte.
As Cobras Em Marte.

As Obras Em Parte.
As Sobras Da Parte.
As Dobras Se Parte(m)
As Cobras A(`)Parte.

Ódio Criativo.

Vou escrever um poema
para matar o tempo!

Quando ele estiver bem
morrido..

Terei todo o tempo
de escrever
todos
os poemas,

Que nunca tinha
tido..

Uma Só Andorinha!?

Pequena Andorinha
Pouso no meu peito.

Refeito do susto
que senti(mos)..

Percorreu-me forte
onda de calor.
-era verão-

Anunciava a chuva..
ainda que não soubesse

Horrorizada fitou
Petrificada ficou

Hesitei.
Ousei..

..coçei
seu
côco.

Fez
seu
cocô..

Voou ao chão.

Procurou-me
de lá-

Ansiando
Contudo
Consolo
dos pais..

Revoavam aflitos.
Azuis no azul infinito.

Formando uma coroa de pássaros
sobre minha cabeça..
-como quando se leva um bom soco numa boa história em quadrinhos-

Cada qual com seus ais,

Sei eu só..
Que nunca mais
seremos iguais..


segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

A Guilhotina!



Pesada é a mão da justiça, ao menos da divina, pesado é o calor agreste, pesado como o livro de Camus..A Peste. Pesadas são as humanas consciências, sobretudo, sobre o tudo; por baixo o nada...

Pesadas são as janelas dos antigos casarões daquela região..região sem nenhuma e/ou definida localização...região sem religião..

Destes lugares tão distantes, bem depois daqueles em que se está apenas longe..daqueles em que se dói até o tendão de aquiles, daqueles que ousam ousar lá conseguir chegar..

Distantes de tudo, distantes do mundo..lugares onde se chega falante e se sai..mudo!

Lúgubres lugares..

O que posso adiantar para tentar definir ‘geodésica mente’, a geografia genética geral deste município..é que a princípio este acontecido aconteceu em nosso país!, em época nem tão distante..

(Nota : Aqui e até agora tudo era distante, e num instante o presti-digitador-escritor encurtou o tempo, trazendo o que era distante pra um presente mais ou menos próximo -algo deve nos ser próximo para que possamos manter o efeito do verossímil- inverossímil, tanto no pacto ficcional, quanto quando se usar; blush ou rímel-?!)

..numa localidade rural dum sertão; ser tão preciso, é difícil pra mim..um sertão que como qualquer sertão Euclidiano, Racheliano, Roseano ou José Americano; era quente, quente, quente como deve ser quente o inferno, como deve ser quente uma puta, ou um puto, como deve ser quente um café..

Ocorre que de fato, e para o bem da verdade; se, à alguém ela vir a interessar, possa..

Não sei muito mais do que gostaria de tentar neste reproduzir, pois recebi este ‘relato’ por carta, enviada por uma parente distante..que vivia neste mundo distante..e a tal carta contava a história que vim neste cont(o)ar..

Um casarão era a sede de uma fazenda de criação de porcos, aos poucos vou lhes jogando as pérolas, meus porcos leitores..e além das pasolínicas pocilgas haviam tão somente plantações para fins de subsistência e por pura insistência; de feijão, mandioca, milho e algumas outras quaisquer(s) coisas que nascessem naquela maldita terra morta, e é quase claro, haviam ainda algumas galinhas, e duas magras vaquinhas, como não poderia deixar de ser, no sertão.

Todavia o que movia a sua eco-nomia-ignomínia era, grosso modo e porcamente, a criação de porcos..

A carta me chegara em lombo de burro, de duas pernas, na algibeira de um primo desta prima e que era analfabeto..Primo Beto, que viera a pé, a maneira dos retirantes, e a pedido dela antes de continuar sua contínua diáspora pessoal, passara em minha casa para deixar este desesperado relato do que sobrara desta família..dei-lhe pouso por dia e meio.. antes que o sol do segunda dia se pusesse, e ao cabo deste, sem nada dizer; desaparecera sem deixar nem um bilhete, a única parte inteligível de sua fantasmagórica aparição..

Pelo que entendi e calculei só haviam restado os dois..?!Penso que nunca saberei, sei que nunca quis saber..

Seu pai, de quem meu pai havia uma única vez falado se chamava Guilherme, meu xará, esta sim estranha coincidência, maldita ascendência*..Segundo meu pai explicara, tinham se desentendido em criança e nunca mais o vira, o ouvira dele(s) falar, família judia holandesa, que como bons judeus, sobreviveram ao êxodo; e em êxodo, país a dentro, mundo afora, até conseguirem se estabelecer num sertão desconhecido qualquer..(Leia-se Cu do Judas qualquer, ainda que não se saiba se Judas tinha cu, culhões ou que sequer fosse judeu..)..o mais longe possível um do outro..

Fala o narrador-

*A Família; é, depois da religião, a instituição mais sórdida e alienante que foi pelo homem instituída..e ao contrário do que nos fazem acreditar, é certamente a razão de boa parte de nossas fraquezas e pequenices enquanto sociedade..enfraquecendo-nos e ‘estupidecendo-nos’, tornando-nos mais vis, egoístas e inflexíveis...superprotegidos por mamães, vovôs, titios e titias nos quedamos eternamente num ninho-limbo que nos impede de avançar enquanto seres humanos, transformando-nos em eternos reprodutores dos medos e angústias de gerações, que nos são enxertadas sem nossa permissão ou vontade, reduzindo nossos horizontes e possibilidades sem que venhamos a nos dar conta..e para nosso próprio bem..!?..ainda que não saibamos que para nosso próprio mal...É preciso destruí-La!!!

Desconheço sobremaneira como me encontraram..!?

A carta; mística maldita missiva, começava anunciando o fato, e em breve relato acrescentou dentre outras coisas; que, talvez venha a lhes contar...

Ela se chamava Guiomar Lhosada Cristina.

Homenagem à mãe que morrera poucos anos após sua chegada à terra prometida, e que tinha origem árabe, por isso Omar, homenagem ao avô, e Cristina, à sua querida avó; Tina. O lhosada era comum ao judeus ibéricos...Acrescentou ainda em nota pessoalíssima que seu pai ‘Gui‘..uma vez embriagado lhe confessara o que nem a sua falecida esposa sabia: o velho sempre, sempre sonhara em conhecer o mar!..e nunca respeitara verdadeiramente a origem da esposa, tendo por isso, e de pronto, concordado com tão horrível nome..

O seu sertão e seu coração eram secos, secos como a razão em um sibarita!, e até o momento em que viveu, apesar de que não poderia afirmar, que tão pouco estava morta..seu sertão nunca virou mar.. -piadinha sem graça-

E Guiomar nascera e crescera; já na fazenda, já em adiantado estágio de putrefação, já cheia dos porcos, já cheia dos mortos, já cheia das janelas..janelas em que praticamente vivia, janelas que se para lugar algum se abriam, por onde por mais que se esforça-se nada, digo nada vezes nada, digo dez vezes Nada!, delas se via..


Tão vazio e ermo o lugar, que poderia se por a termo; e dizer, que de alguma coisa fugiam..

O pai trabalhava praticamente sozinho e afora um sobrinho de quem não lhes contei por preguiça, havia somente o primo, de quem lhes contei por motivos óbvios..não havia ao que parece mais nenhum empregado que os ajudasse, ainda que em verdade fosse um serviço ‘leve‘, uma vez que por sorte, ou estratégia, os porcos não serem uma criação que se exija grandes cuidados, sem ofensa..

Das várias questões que me foram surgindo, daquela improvável história, a primeira que me assaltou foi a de imaginar um judeu criando porcos, casado com uma árabe, criando uma filha não batizada, ou “barmitz vah izada” e relegando um sobrinho, seja lá de quem for filho, ao analfabetismo- caso raro entre os semitas.

Tudo muito mal contado!; por isso, mal vos conto.

A bem da verdade, ou à mal da mentira, nem sei exatamente qual é o ponto do que vim aqui neste com vocês compartilhar..As vezes ao reler este relato, ao reler a carta, ao rever a história, ao lembrar do pouco do que meu próprio pai me contara sobre esta parte da família, penso que isto tudo não passa de uma espécie de piada judia, daquelas cheias de humor negro, de autocomiseração..o que chamaríamos hoje de pegadinha..

Porquê alguém que nunca vi, e que nunca mais veria, me surge do pó, para me entregar uma carta, de alguém de quem eu jamais ouvira falar?

As vezes imagino que esta carta tenha sido para ela uma espécie de sobrevida, algum tipo de ligação com a realidade, uma única-última chance de alcançar a posteridade..isso se já estiver morta..


Tudo que escrevemos vira memória, e a memória desgraçadamente na maioria das vezes é tudo o que nos resta..

Uns insistem que a escrita autobiográfica não é literatura, entretanto me pergunto: Existiriam livros sem as gráficas? (sem editor existiriam..sem leitor, não sobreviveriam..)

Pergunta retórica, não apostólica, tão pouco Romana..a verdade é que a verdade; não existe!!! Entretanto e de um diário ou de uma carta algo próximo dela- a verdade- emana, irmana e nos transmite uma história..com glória ou sem glória, mas uma história..

Guiomar, me contara que havia lido muito; três livros: O Corão, A Talmude e alguma das inúmeras versões da Bíblia Católica.


Pouco sabia de algo que houvesse ocorrido nos séculos posteriores a tessitura destes três textos..tendo nascido na fazenda, crescido na fazenda, vivido na fazenda e..?..na fazenda..!

Cartas que vem em lombo de primos burros, ao contrário das que vem pelo correio, não precisam de remetente, não precisam o local e as circunstâncias da postagem.

Assim sendo e assim tendo sido, a sensação que me ganha é a mesma de se assistir a um filme sem saber por quem fora dirigido, produzido ou filmado..que quintão-quintal do mundo está sendo retratado..se é falado ou mudo!?, ou seja, me sinto como um retardado.. -alienado mental, se preferirem, apesar de estragar minha rima-

Como dizem os documentaristas: ‘Quando a realidade parece ficção..é hora de fazer documentários‘, no meu caso tudo que almejo; é, ao máximo, tecer comentários..

Ainda que este por vezes me pareça um roteiro de um bom filme de terror!!!

Explico-me-explico-lhes: A Carta; Conto; Relato; Roteiro..grito desesperado, começa de verdade e “se explica”, se é que se explica, quando Guiomar finalmente admite o motivo de tê-La escrito, e após haver feito uma série de velados desabafos a cerca de sua criação cercada de mistérios e cuidados, relatos os quais vou lhes poupar tamanho o detalhismo e por que não dizer cinismo, com que ela os descreve; enfadonhos.

Me pareceu que meu xará, queria que a filha não tivesse decepções, dessas coisas com que o mundo nos transborda, e vivesse numa espécie de exílio-idílio movido apenas pela fé, ou pelas fézes..ou pela falta dela(s)..que se criasse numa educação irreal e (i)rreligiosa, sem religião definida, apenas com a crença na vida, por mais enfinda e descabida..que seja a compreensão que a fé ‘nos’ infunde, confunde..!?

Findadas às elucubrações ‘preambulatórias‘..Guiomar começa sem pressa, e de uma forma como a de quem quer verdadeiramente nos convencer, de que por mais absurdo que tudo aquilo parecesse..ela estava falando a verdade!..ainda que sua vida pregressa, nos faça pensar, e pesar, exatamente o contrário..de que não estava alucinada, não estava, como posso dizer: assombrada?!

A sua jovem mãe tinha seu velho esqueleto enterrado entre a cerca de entrada da fazenda e a casa. Não havia cruz, não havia pedras, não havia flores, não havia dores, não havia saudade, não havia nada..
O Pai, pouco dela falava, e ela quase nada, dela perguntava. Pareciam viver numa espécie de bolha no tempo, num espaço onde não existia passado, presente e ou futuro, um lugar com cerca, mas sem muro..

A única marca que indicava a existência de uma cova era um pequeno montículo natural que a terra engendrava de formato oval, coval, eu diria.

Imperceptível ao olfato de um cego, diria o p(r)o(f)eta.

Mais de quatro páginas já se passaram, mais de quatro décadas, e mais uma vez talvez, só talvez, mas nunca por coincidência..foi também na quarta página da extensa carta, que envergonhada, com a alma embargada de emoção, ou alucinação; preciso dizer em defesa de Guiomar que percebi uma lágrima já seca, uma lágrima sertaneja, embebida pelo papel..É que confessa em tom desesperado: Ter visto o cadáver da mãe deitado impassível sobre a cova!, que podia ser vista da pesada janela do seu quarto..janela que vivia aberta, e acompanhada de seu corpo, dado ao sufocante- claudicante-constante -extenuante, infernal calor..

O Cadáver da Mãe!!!, e não o fantasma do cadáver da mãe, deixara claro em bom português!

Que diabos!..pensei, que diferença isto fazia, cadáveres, fantasmas, mulas com ou sem cabeça..quanta estupidez!..quanta crendice, quanta maluquice..


Me considero um homem de letras e de ciência, começava a ficar realmente incomodado com a presença daquele analfa..Beto, com a ‘existência’ da maldita prima e de minha malfadada sorte, ou azar, em ter sido alvo dessa insana saga..

Ofendido em minha pretensa inteligência materialista.

De todo, como poderia acreditar numa carta de alguém que nem sei se existiu..e o que teria eu a ver com tudo isto, por que me escolhera para atormentar com tão absurda história..todavia verão que no inverno, esta ficará ainda mais inacreditavelmente absurda..não que me importe por só um segundo no fato de acreditarem ou não, em verdade, ou em mentira, estou pouco me lixando..

Contudo histórias de fantasmas não são nenhuma novidade, quando muito são uma tradição esquecida, um sub-gênero à muito enterrado..desculpem-me o péssimo trocadilho, mas realmente tudo isto me tirou do sério..

Vou parar por alguns instantes e acender um cigarro..de sensimilla..

Pois bem, ou ‘pois mal‘, continuo..Ok...Muito original ela.. passou então a ver o cadáver da mãe, nesse ponto começo a desdenhar de Guiomar, sem saber ainda o verdadeiro ponto de tudo isto.

E daí?; penso!, o que mais a ‘doidinha da prima’ havia visto, ou tinha para me contar-atazanar? Imagino que vá chorar as mágoas e me dizer como era infeliz, que sentia a falta da mãe que mal conhecera..buá, buá, buá..blá, blá, blá..

E segue contando que a primeira vez que a viu, ou o viu; depois que nasceu, e depois que ela morreu, nessa ordem, e já que o cadáver é substantivo masculino, apesar deste ser de um ser ‘insubstancial‘, mas feminino..Estava debruçada na janela de seu quarto..

Como disse, e a título de curiosidade, para quem possa vir a ter, ou de esclarecimento para quem possa vir a não saber; esta janelas são enormes, irregulares e abrem verticalmente, deslizando para cima e sobre si mesmas, sendo seguras por duas pequenas e frágeis dobradiças em forma de borboleta..Segundo ela, passava ali a maior parte de seus dias, e agora de suas noites, como uma namoradeira, sem namorado, fazendo da janela sua ponte para o nada, sua escrivaninha, sua almofada..Alí pousava seu corpo, sua cabeça e suas mãos..Era noite alta, de lua alva, e Guiomar agnóstica que se tornara, afinal não se pode servir a três reis, nem que sejam magos!

Vislumbrara num lampejo por sobre o montículo algo de que a princípio não desconfiara..talvez algum animal dormindo!..talvez sonhando acordada..?

Só soube dizer que quando se deu conta do que vira, seu susto foi tão grande que bateu com a cabeça com muita força na janela, e ainda que muito pesada esta descera como um raio por sobre suas duas mãos petrificadas agarradas ainda ao batente, como se não quisessem se soltar..como se não quisesse acreditar..e num só golpe!, como numa guilhotina, a janela as decepa!!!.. estraçalhando a madeira, quebrando o vidro..

Me conta que antes de desmaiar e entre o barulho da janela se estraçalhando, em meio ao zumbido que ressoou em seu ouvido, conseguiu distinguir uma forte risada..

Nesse momento parei a leitura com as minha duas mãos trêmulas, ouvindo por minha vez um forte estrondo vindo de dentro de mim..por alguns segundos me veio um flash do momento em que o primo analfa..Beto, entrou pelo portão e me lembrei do forte cheiro que exalava..me lembrei que ele era analfabeto, pelo que descreveu a carta, por ter nascido surdo-mudo..me lembrei que ele havia desaparecido do mesmo modo que havia aparecido, me lembrei de meu pai, e da maldita tradição, leia-se maldição, de que nossa família era herdeira, e que todas as famílias nos fazem herdar..e da qual só ouvira falar até então..e por fim, só por fim, voltei a mim e ‘reparei’, ou melhor me dei conta, de que a data que sublinhava sua assinatura na maldita carta era posterior, é claro, ao dia em que Guiomar vira sua mãe; ou seu cadáver, se preferirem, pela última vez..

Elegia Pra Ela.

Te AmO!
AmO-Te..

Como Amo A(`)Vida?
Como Amo A(`)Morte!

Do fundo.
Do mais fundo..

-d(O)+ profundo-
(improfícuo segundo)

..dos oceanos.
(reminiscências dos anos)

Menina dos planos?
Reparação de todos
os danos!

Linha De Corte-

Do mais alto.
Dos mais altos
Altiplanos..

-Hexâmetros
Pentâmetros
Parâmetros
Métricos-

(Sexto
sentido
dum cético.)

..de nosso?!

Celeste.
Ardente.
Agreste..

Continente
Sul-Americano!

(..e vale mais
que todo ouro
saqueado..)

Nênia
Non-Sense.

Nasceu
No poema.