segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

A CASA DO BANDO DO NADA_




Grande era a casa, consideravelmente grande, grande até demais se; e, comparada aos casebres do lugar, mas não gosto de comparações, nem de literatura comparada... Literatura vendida ou literatura comprada... Bem, ou mal lhes explico, se não me engano, pois; e, até agora só a vi em sonho, era em 'irrealidade', um tipo de palacete! O que arquitetural e social-mente falando, referendavam as medidas que talvez inebriado e iludido pelas armadilhas do sonho, tenham à mim parecido maior ou menor; no caso, maior! Entretanto, todavia ou contudo, lhes confio, e acreditem, até onde se pode acreditar, era grande a casa!!!

Mansão; com mansarda?, palacete?, sobrado? Contudo ou todavia, certamente entretanto ou entre tão pouco do que havia sobrado e, em função de haver se passado uns bons dois séculos de sua edificação, digo; o terreno como um todo, e vistas ao crescimento desordenado, da desordenada e desonrada humana raça, já não mais, nem menos, fazia jus nem parecia proporcional às dimensões da casa... Particularmente o jardim! Que não era desses à moda dos Versailles, e sim uma pequena floresta de heras; era quase tudo o que era! Flores que resistiam, aqui e acolá e, em particular, algumas poucas pequenas rosas, crisântemos e alguns jasmins... Jaziam espremidos entre folhas mortas e a pátina do tempo...

Um jardim inglês diria-se!?... Com tudo e sem nada, a esta altura de sua abandonada situação... A impressão que se ganhava, ou se perdia, era a de que; ainda maior fosse o jardim, e menor a casa... Tudo que sei e que posso lembrar é que por fim, ficara, uma vez diminuído o espaço dos terrenos em seu entorno, um jardim enorme!... Repleto de folhas, flores e sujeira... Cercando a grande casa..

Para a criação de um efeito primeiro da ordem do horror!?... E no intuito de fechar a descrição física do entorno-externo, ainda dentro do terreno, porém para além do jardim, talvez seja importante dizer que os espaços adjacentes que haviam restado e que faziam o desenho de seu contorno eram: à esquerda, um cemitério da família, atrás, um belo pomar e uma horta, à direita ficava aquilo que haveria de ter sido um tipo de playground, onde ainda se viam escombros de grandes brinquedos de madeira e um pequeno lago que se escondia por detrás de seus ombros...

Assim mesmo parece se dividir a vida... de um lado se brinca a esmo; do outro se mergulha pra eternidade...

Entrei casa adentro!, sonho afora -sonho, que de tão real está neste quase conto que conto, realmente, finalmente e friamente encarnado- por entre uma brecha do jardim, pelo lado e com o pé esquerdo!

É, ou melhor, talvez seja fundamental dizer-lhes que sempre fui idiotamente apaixonado por casas antigas e abandonadas, devo admitir que prefiro especialmente, e sobremaneira, as abandonadas! Não necessariamente caindo pelas beiradas, como a de Usher - ainda que Poe tenha sido como um pai pra mim - Tanto, ou tão Po'e'uco, mas provavelmente por enterrarem/entranharem - incidente em antares - histórias de vidas vividas sonhadas...


Muitas vezes me pego acordando, rolando, suando, rindo nervoso, desenganado e crendo ter sido algum fantasma em alguma “encadernação” passada, uma “alma pelada”! que perambulava pelos fundibulários, de alguma destas casas...

Sonho; enfim, em mim, muitas meninices, sobretudo acordado.

Escolhi entrar rodando rondando ronronando por este lado: primeiramente por gostar de pensar que tenha um pensamento de esquerda!, todavia e sobretudo, por haver apercebido-me de que este dava, a partir dos fundos, acesso por uma porta de serviço que me pareceu menos pesada, ou emperrada que a porta principal, que aliás, zás!, me amedrontou de pronto, pois me lembrou o Portão do Inferno; de Rodin.

Mister e misterioso dizer que: reparei em, e só não lhes confidenciei até então, por simplesmente não os haver visto ou entendido-os... Gatos! Entre os túmulos, muitos gatos... Nem todos pretos, não vou forçar o efeito, ou mentir desavergonhadamente, porém quase todos livres! 'Nós gatos já nascemos pobres, porém todos todos livres...

E todos muitos!

Sei o que vi! e o que passei a ouvir, um número significativo, e numa primeira vista d´olhos, quase incontável de gatos, gatos de todas as cores, todos os sabores...

Ocorre que, como não sou exatamente supersticioso, sendo tão somente um cagão medroso, acariciei um bichano que cruzara meu caminho no batente da porta - num gesto de simpatia desesperada, de quem precisa ganhar confiança pra si, e junto à maioria - que para minha gata surpresa se encontrava entre aberta; entre aberta e arrombada!?! Difícil dizer, todavia não toda aberta ou escancarada, contudo aberta! Entrei...

Vazia como uma alma humana, estava a casa! Desnecessário dizer, pois não imaginei mesmo que estivesse cheia de prataria, cristais, armaduras, mármores, marfins, ébanos, louças ou telas rembrandtescas..

As únicas coisas diferentes que pude perceber foram alguns felinos de tamanhos variados, empalhados...

Afora à real idade destes, e em realidade; é que fora 'eles', só havia e via, um monte de poeira, cocô de morcego e de gato...

Como disse e venho des-crê-vendo-os... Para que fique melhor entendido e tido, farei agora uma breve descrição da parte interna - descrição que; com os excertos, e os errados, do que já descrevi da parte externa -, espero satisfazer os mais curiosos, minuciosos, ociosos e tediosos... Ou aos que como eu, acreditam também haver assombrado, assomado à alguma dessas casas, em alguma dessas eras...

Me faltou precisar, e agora preciso lhes lembrar, de que: a casa possuía, como não poderia deixar de ser, em uma dessa magnitude - um porão e um sótão, meio mansarda...

Sou apenas um rapaz latindo e sul americano, suburbano de todas as periferias! e nunca entendi muito bem os rigores e dissabores da aristocracia, com isso não saberia precisar, se era só um sótão?, ou como disse: uma mansão com mansarda!?

Fato é que adentrei-a pela esquerda e pelos fundos! -por onde acostumaram-se os não aristocratas; a entrarem.

Alcei dois ou três cômodos, até alcançar o que fora uma bela cozinha. Logo na sequência se encontravam a copa e mais algumas salas menores que se desdobravam e se desencontravam até encontrarem a sala principal -principesca-, as janelas e a porta de entrada.

Do lado direito do grande salão, havia uma esquecida escada... Esqueço-me de mencionar que de fora, a casa parecia ter dois ou três andares... Contudo, agora e uma vez dentro... Ainda que atrasado, posso lhes garantir que eram três! Contando o sótão; só tão sótão, ou mansa mansarda, e bem descontado o porão.

Em forma de vento era a escada... De tal forma, a não ter forma de nada, a não ser de escada.

No segundo andar... Veja bem: como não quero parecer enfadonho, pois se não tiveres particular interesse em questões de conservação e patrimônio - deveria me ater à uma descrição mais geral do cômodos, o que poderia ser menos incômodo e 'garantiria com mais garantia a vossa simpatia' por este pequeno conto grande devaneio, e talvez com isto continuaríamos bons amigos.

O que posso lhes adiantar em resumo, e que é o que vim aqui neste espaço anotar, nessa tela pintar, não é; afinal, um relatório de visitas do instituto do patrimônio histórico e artístico nacional, tão pouco história da carochinha, mas sim um armistício! contra toda lógica, bom senso e mesmo contra a própria realidade!

No segundo andar estavam os quatro quadrados quartos !!!!... Enormes e todos assentados em nobre madeira.

No sótão, para minha maior decepção de apaixonado, também não havia nada... Nada além de cocô de morcego e de gato... Insignificante lembrar que, mesmo em sonho, a casa fedia.

Fedia um fedor-estupor, pode-se supor, de cocô e de morte!

Desci decepcionado, decepado em minha mórbida curiosidade... Desci pela escada em forma de nada
atravessei a copa, alguns cômodos, a cozinha e, incomodado com a sanidade em comodato, saí em busca da entrada do porão, de onde vinha um cheiro ainda mais forte, e de onde esperava muito sinceramente encontrar alguma pequena peça ou alguma grande relíquia que me tirasse o sono, do sonho que sonhava - ainda que se isto ocorresse eu acordaria- e jamais saberíamos o que aconteceu, ou parece haver acontecido.

Apesar de que ao final, se não me engano, se não lhes engano -ledo engano-... Foi isso mesmo, o que aconteceu!?

Encontrei a entrada para o porão, na tal lateral que dava para o que havia sido o playground... Empurrei a porta ansioso e já um tanto sôfrego!

No que desci, subiu um cheiro dos infernos!... Sentido literal & literário... Fiz menção de me deter, senti o nariz quase a derreter, mas mesmo que o fedor fosse extremo, minha curiosidade é sempre maior em maio...

Esperei uns instantes para que o ar circulasse ou algum vento ventasse, não me importando qual o um dos dois, acontecesse primeiro.

Entre meios, entre medos, me apercebi de que a escuridão era praticamente absoluta, e me pus a imaginar um modo de, a um só tempo clarear a situação e amenizar o odor insuportável que subia vagarosamente, do fundo daquele porão... De súbito, tive uma luz!

Fiz a volta completa em torno da casa, passando pelo jardim, e recolhi alguns gravetos e folhas murchas - do cemitério da família - colhi ainda flores mortas e uns pedaços de cruzes de madeira podres. Amarrei aquilo tudo com um terço de um terço -o dia era a noite; de uma terça feira 13-, e transformei aquilo tudo numa espécie de tocha, com a qual poderia jurar conseguir iluminar aquele buraco fedido que a arquitetura me obriga a chamar de porão.

Em cima de um dos túmulos havia um frasco de água de colônia e mais alguns objetos (voadores) não identificados, restos de um costume antigo não muito usual no ocidente, de presentear os mortos.

Ou talvez simplesmente um modo inconsciente de amenizar o podre báfio que os cemitérios exalam...

Joguei um pouco da colônia naquele chumaço de madeira, galhos e flores... Atirei o pau no gato?, e o frasco escada abaixo - que ao se espatifar - amenizou o cheiro de morte que exalava daquele lugar...

Acendi o buquê de defunto, sou usuário de substâncias ilegais, neste país, -paraísos artificiais- extra oficiais- e; escrevo, com isso sempre carrego isqueiros, papéis e canetas.

Me enchi com um muito pouco da coragem que trazia comigo, desci cautelosa e caudalosamente... À socapa, num só pé, ainda que em verdade tenha e mantenha; os dois, e percorri os quatro, ou mais, cantos, os quantos?, do silencioso porão.

Para minha tristeza e decepção, além de algumas peças de madeira, e de cocô de gato, nada nada nada nada encontrara!

A Casa Do Bando Do Nada! Eram os diabos dos gatos o bando, e o nada tudo o que restara da maldita casa !?

Mesmo assim, convencido que sou, não me dei por vencido, pois apesar do cheiro haver diminuído ou talvez apenas se confundido... Ainda era forte, ainda exalava em todas as direções!, e não me parecia apenas o cheiro de infelizes fezes felinas...

Arqueólogo frustrado, urbano-suburbano, desbravador de porra nenhuma, bravateador de merda, ou no caso de fezes, como queiram; que sou, ou que, ao menos gosto de imaginar que o seja... Esmerei-me esgueirei-me em procurar alguma outra porta escondida, uma fenda ou algum buraco que magicamente me levasse à alguma outra sala ou qualquer coisa, que o não, valha!?

Vã batalha... Nada de nada, de nada... Já cabisbaixo, fedendo à cocô de gato, flores mortas, fumaça e colônia barata... Já a um passo da escada, pronto a admitir minha completa derrota... Pisei mais forte, para tomar impulso e reunir minhas últimas forças para subir - sôfrego e sem fôlego - a escada... Escorreguei e caí numa queda abrupta e repentina, por entre um alçapão, que me jogou uns bons metros mais para o fundo do porão!

Caí, meio em pé, meio caído, como um gato assustado e escaldado, esbaforido com o buquê de defunto já quase completamente sem vida e em vias de se apagar por completo... Aterrorizado!, com a cocha bamba e dolorida...

Saquei todos os papéis que carregava, tateei em busca de meu zíppo e zapt!

Consegui reaver aquilo que desde os primórdios da humanidade tanto buscávamos controlar-

Respirei fundo, com o que me fora possível, e o que não fosse fumaça, sentindo agora um cheiro ainda mais nauseabundo... Limpei meus olhos com a camisa, e finalmente vi o que era, e de onde vinha aquele fedor insuportável.

Comida de gato, muita comida de gato, latas e latas de comida de gato, comida de gato de todas as marcas, épocas, abertas, fechadas, nacionais e importadas! Latas e mais latas... Latas para todos os lados, lados para todas as latas!

Um cemitério de latas de comida de gato! & no fundo, bem no fundo no sub-humano submundo escondido, impassível...

Um gigantesco gato!, da cor da mais escura das noites, com olhos cor fogo, do mais infernal dos fogos, me fitou...

E num só salto! - engoliu este que lhes ex-crê-via?

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

"Os Mendigos da Felicidade"..à Jorge; o Amado.

Na hora da morte
A meia noite
A meia luz

Hirto
Com o ódio
sufocando
o eterno
Grito

Saberás
Pleno

No de Satanás
Reino.

Bêbedo de razão
Pelo éter
embriagado

Morto Vivo
Sem paz
Desenganado

Momo Rei
n´O País
do Carnaval.

Ao contrário
dos idiotas

A maneira do
hipócritas

O motivo
da partida

O resultado
da partida

(Morte 10 x Morto 0)

E não lamentarás..
Regojizante

Morto Vivo
Sem ais
Triunfante

No lugar do
coração
um diamante.

Hierofante!

Do Olim..Pó
Veio.

No Olim..Pó
Gozarás.

Poema Quadriculado.

Qua/dri/cu/lado
De frente
Redondo é!

Redundante
dizer..

Redondilha
(um verso)

No inferno
Virgílio foi
guia de
Dante..

Quadriculado
do avesso.

É o re/verso
Do resto.

Parte branco.
Parte o preto.

A soma de todas
as dores.

A divisão de todas
as cores.

Desnuda
Desilusão

De todos
os amores.

Balzaquianas..Belas e Subumanas..

A nova Tia
foi ao Mall..
(Ver se era mau)
Comprar..comprar..comprar..comprar..comprar..comprar..comprar..comprar..comprar..

Cansada das empregadas
empreguetes..?
(Ver se eram burras)

Do marido jovem..
 Marionete
 Maridonete
Rico, careca e barrigudo.
(Ver se era burro)

Do amante
Jovem e viril..
(Ver se era mudo)

Do mundo
que não soube
lhe caber tanta
beleza.
(Ver se era isso tudo)

Esqueceu de levar
a sacola retornável.

Pobre diaba, odiável.

Lembrou de não esquecer
seu enorme preconceito
Preceito não reciclável

Bem como..
(Bem me quer..mal lhe quero)

De retocar a maquilagem
Irretocável.

Dona do mundo..
E de um caráter

Biode(sa)gradável.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Vinte e poucos Poemas Vintage..



Olá querido ouvinte-leitor dessa frenética  infrequente  indecente frequência..

Este ano acordei depois de dois dias de ressaca, e me dei conta, ou melhor; fiz as contas, de que estou ficando velho, realmente velho, apesar de que alguns otimistas, e velhos, dizerem que a vida começa aos quarenta..Enfim..Será o Fim..?

Depois que se passa dos trinta, e poucos, tudo vira Vintage em nossas insistentes existências..Eu por exemplo, ao fazer as tais contas, fui percebendo que..por, putz, digitei três vezes "por" e saiu "pro", mas eu queria dizer por..! Se bem que " pro exemplo" também serve. Eu pro exemplo, vou fazer 20 anos de vegetarianismo, tenho mais de vinte de punk rock e quase vinte cinco de skateboard!!!P>Q>P

..E também percebi que escrevo poesia há mais de vinte ânUs!!!..ainda  bem que sou da humanas e matemática não é o meu forte, sei que estou ficando velho e que apesar das aparências enganarem, estou ficando mais fraco em todos os sentidos.. venho sentindo que não sou mais o mesmo, tenho ficado mais humano, mais bonzinho..e isso me assusta!

Antes de ontem, na festa de Reveillon na casa de um casal de grandes amigos,  por um insight induzido-produzido por drogas, me dei conta do que significa.. Reveillon..Veja Bem; acompanhem  o racíoSímio: Réveiller, é acordar em francês, On, é; nós.. logo Reveillon deve significar:
Acorde-mos!!!..se não for fica sendo de 2013 em diante..

Fato é que este amigo, e amiga, é; são, um casal de músicos e pessoas do meio musical daqui de Bhz, um é o inventor de uma banda de música eletrônica, EBM, daqui que tem um nome digital..fica a dica, amigo do Arnaldo Baptista e tal..A esposa foi dona da primeira loja a trazer música alternativa de verdade pra essa roça grande, uma verdadeira caverna urbana ;) Sacou?.. depois duns birinites, gíria de velho..ele me disse que foram escolher uns poemas pra não sei o que, com não sei quem..eu já estava bem bêbado quando ele me contou isso, e que meu trabalho havia ficado em segundo lugar na votação..Perdi pro meu xará: Guilherme Mansur..o Tipoeta! Foi uma glória perder pra tão grande e importante Vate.

Daí fui perceber que já venho trabalhando, se é que isso é trabalho.. com cultura, contra cultura; como Hold do Os Contras, do meu amigo Dota, atual Consciência Suburbana..como Intérprete do Fugazi, no Bhrif, desde 94!!!..Bibliotecário do M.P.L. atual Movimento AnarcoPunk..Vendíamos, eu e o poeta Renato Negrão, o: Poesia é um Saco! em bares de Bhz..Editávamos, eu e outro "negrão" sangue bão, o Douglas, os zines FODA_SE e o UNABOMBER..Tomávamos porre com o Marcelo Dollabela e com os caras do Divergência Socialista, o amigo Oreia do Militofobia, os irmãos do Ataque Epilético..

Aff. várias produções de bandas alternativas daqui numa "Uzina", Oásis de Contra cultura que cismei, por pura burrice e falta de juízo montar com um amigo meio francês meio árabe, eu que sou meio judeu, meio cigano e completamente imbecil..tanto tempo, tanta Broaday, tanta Fábrica de macarrão..o Show do Ramones na gameleira, o primeiro do Sepultura de volta em casa, o do Atari Teenage Riot, De Falla, Nick Cave, Delinquent Habits, com direito a muita tequila com os caras, Misfits, Cólera, Brujeria, Napalm Death na casa de shows do Tony Rey!!!.. o Primeiro do Racionais, os Primeiros Do Movimento Punk Libertário, no antigo DCE da Ufmg, hoje Cine Belas Artes, noites intermináveis no agora novamente inn, maleta..

Os shows de H>C no Tirol, os de RAP no Vale do Jatobá..Street Skate por toda a cidade..acordando de ressaca no Santê.. e indo dormir bêbado em Contagem, depois duma session no chafariz!Muita porrada de polícia, nessa época não havia politicamente correto, e apanhávamos do coreto da "praça sem liberdade" até a Afonso Arinos..Liberdade é passar a mão na bunda do guarda..

Sem saudosismo por que isso é coisa de velho..

Aí me vem uns hippies-hipsters, skatistas de nike no pé..com papinho de ocupar a cidade..bla blá bla´..Geração de meninos(as) de apartamento..de facebook, de video game..que pensam que fazer um movimento flash móbico é mobilização política e que frequentar o centro é ser underground..

Se liga..A revolução foi televisionada!!! 2013 Vezes Foda-se Pra Vcs!!!


PS: Isso tudo escrevi como desculpa pra fazer essa seleção de poemas escritos há uns vinte anos ou mais, e que ainda me parecem atuais..Apreciem sem moderação ou odeiem com veemência..



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FILHOS DO EXÍLIO



Sou o fato
O fruto
O filho
Do fato

Da existência
De um exílio
Interno

Uma dor que queima
E arde

Como o fogo
Das profundezas
Do inferno

Eu me enterro
E retorno
Naquele
Terreiro
Em pleno
Mês de janeiro

Todo vivo
Todo fudido
Todo inteiro!



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À vocês que lêem
O meu poema

Não creiam
Que ele tem
Tema

Não pensem
Que é
Dilema

Trema

Diante desses
Versos adversos

Desconexos

Sem nexo
Nem plexo
Sem sexo

Não tem tema
Nem dilema
E nem
Poema.




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A minha morte
Será um obra
De arte

Um caso
A parte

Como a morte
De um mártir

Mais um idiota
Que parte

Será
Como o primeiro
Vôo
Tripulado
a
Marte.




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U.F.ONANISMO




Abdução
Seguida
De estupro

A incisão
Na medula
De um alienígena

Provou que o
Homossexualismo
Veio do espaço

Na Grécia antiga
Os pederastas
Transavam
No sangue dos 
Mortos




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Quando se faz o que gosta

Come-se
Até bosta

Eu como
Merda
Com
Arte

Pois viver;

Viver
Faz
Parte!





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Eu sou o autor intelectual de um crime


Um crime que nunca cometi

Um crime que sequer vi

Um crime que não vivi


O crime de ser o que sou

De não saber
 de onde vim


ou pra onde vou .  




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Sem sombra de dúvida
Me perguntei

Se sombra tem dúvida?

Porque quem vive na sombra

Imagino

Que não se assombra.

Por que sem sombra de dúvida,
Quem vive na sombra
Mesmo que da dúvida

Não tem porque

Se preoucupar




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Eu não espero o amor
sentado

Eu espero o amor
Amado

Ausência e paciência

São duas senhoras

Que moram

Na casa
Ao lado.




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Tirant lo blanc



Eu tenho um ponto na vista
Eu tenho um ponto de vista

E tenho uma cantiga que cura

Eu tenho a cura

Eu moro numa rua escura
Eu tenho uma fala dura

E tenho a cura

Eu tomo vinho no café
E já não duvido da fé

Eu digo e contradigo
A vida

E com isso aprendo

Que a minha vida não vale mais
Que a do meu inimigo.





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Um rouxinol cantou
Em sua língua
De prata

E aos olhos
Da mulata

Parecia outono

E o contorno
Dos olhos
Da mulata

Nos lembravam
Adornos

Em torno
de sua
língua
de lata.





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(perseguindo)



eu e meu
umbigo

mi comigo
te contigo
si consigo

dizer o que
digo

Ter o que
Tigo

Ver o que
 Vigo

Ser o que
Sigo



(perseguindo).





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POEMA SOBRE O NADA
NA BEIRA DA ESTRADA



         Sou um escritor
   De respeito!

Ontem
Mesmo

Tirei a camisa
E desci de peito


Rolando no asfalto
E gritando
Bem alto:

Sou um escritor
De respeito!

O meu sangue?

O meu sangue
Eu carrego
No peito.





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AO VERES OS CADÁVERES



Ao veres
Os cadáveres

Cada um dos
Seres

Viu que ao
Veres


Os
Cadáveres


Cada um  dos
Seres


É cada
Ao veres.





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POEMA CHATO







A+b=c



C+d=e

E+f=g

G+h=i

I+j=k

K+l=m

M+n=o

O+p=q

Q+r=s

S+t=u

U+v=x

                            X+y=Z!Z!Z!Z!Z!Z!Z!Z!Z!

  




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TIPOGRAFIA 1


Adoro ver o papel
Impresso


Ver o negrito
Expresso

Os riscos que as palavras
Imprimem no papel

O tom sublime
E escuro

Das palavras
Que falam
Do futuro

Mesmo um simples
Título

Uma palavra apenas
Jogada na folha
não mais em branco

só uminha destas
já é capaz
de me
fazer
sentir
em
festa.




TIPOGRAFIA 2



A ordem da palavra
Impressa
Me é esta:

Escreva
Escreva
Escreva

Escreva
Até que lhe
Sangre a
Testa

E escrever

É  tudo
Que me
Resta.




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FITNESS



Escrever é um exercício
Da minha desgraça

Enquanto uns levantam
Haltéres

Eu fundo
Meus
Ampéres.





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UM TREKKING COM CARLOS DRUMMOND




Eu não tenho meios
E quando não tenho meios

Fico sem centro

E sem centro

Não consigo
Ver por dentro

No meio do caminho
Tinha uma pedreira

E no meio
Da pedreira

Dois 
Caminhos.





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“AVANT LA LETTRE”




São imagens díspares
e deletérias

essas que compõem
o meu comportamento

biônico

histriônico

 tristonho

o ar da graça
de sua presença

tornou-se desgraça
na sua ausência.





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Quando eu morrer
Minha obra
Talvez seja publicada

Só que já estarei
Morto

E aí

Não adiantará
Não adiantará
Mais nada.




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ABAIXA AQUI


Hoje eu decidi

                                      De agora em diante


                                      Não estou mais aqui


Parti
Pari

E nasceu um novo homem

                                        Um homem novo


O velho eu enterrei

Enterrei
Logo ali

3O rua a direita

em baixo de um pé
de abacaxi.




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MARIA TEREZA


Se tristeza tivesse
Tristezas teria

Se tristeza houvesse
Chamava Maria

Se tristezas houvessem
Tereza teria
Tereza Maria

Se tristeza houvesse
Maria teria tristeza
Tristeza teria Tereza
Tristeza teria Maria.




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OTIMISMO



Felicidade não é
Desse mundo

Tristeza

Ô coisa boa

Felicidade

Dê-me
Um pouquinho
a tôa.





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A palavra
Vê assim

A poesia enfileirada

Tal qual
O lume
E vil

Metal da espada.





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Um grande espasmo branco
Me vem do fundo da sala

E eu deitado
Debaixo da mesa

Quisera ver

O fundo da alma.





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O POEMA QUE NINGUÉM OUSOU PERGUNTAR




No começo parecia
Mais um poema

Com papel
Lápis
E tudo

Depois
O poema
Ficou
Mudo

Depois
Mudou
Tudo

Agora era só
Um algo perdido
Num cemitério
Metido num
Terno amarelo

Coberto  por uma poeira
Que nunca mais
Sairía.





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Quem sou
O que
Desapareço
Ser?


Se não
Sou
O que aparento
Ter?


E não estou
Onde deveria
Estar.

E não vou
De onde
Não sei
Se vim?




 
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RE/VERSO


Escrevo por estranhamento
Aquilo que sobres/sai
É o que fica!






OS/REVER



Acif! euq o é
Ias/serbos euq oliuqa
Otnemahnartse rop overcse





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ENCRUZILHADA
( O REVERSO DO VERSO)





                                            S                s
S o u o e n t r e o e n t r e
                                            u                u
                                            o                o
                                            e                e
                                            n                n
                                            t                 t
                                            r                 r
                                            e                e
                                   s o u o e n t  r e o e n t r e
                                            e                e
                                            n                n
                                            t                 t
                                            r                 r
                                            e                e
s o u o e n t r e o e n t r e
            e
            n
            t
            r
            e







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Chuva                      
                                                         Chuva

Chuva

      

                   Chuva

                                                               Chuva
                                                                                                Chuva


Chuva                              

                                               Chuva                   Chuva


           Chuva                           
                                                     Chuva


                                                                                                                                       
                                                                                                    CHUVA
Chuva                                                                 A                                                   
                                                               Chuva
                                                               Caí
                                                               Aleatóri(à)mente
                                                               Como nos pingos
                                                               Dos is
                                                               De um poema .         




         CHUVA                                                                                              CHUVA