terça-feira, 19 de março de 2013

Augusto Dos Anjos Em Francês !!! Primeiras Versões..Traduções de Guilherme F. Garcia!



Versos Íntimos

Vês?! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Sómente a Ingratidão — esta pantera —
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!



Vers intimes


Vois-tu?
Personne n’a assisté au grandiose
Enterrement de ta dernière chimère.
Seule l’Ingratitude – cette panthère –
Fut ta compagne inséparable!
Habitue-toi à la boue qui t’attend!
Ô toi Homme, qui, sur cette terre misérable,
Vit parmi les bêtes, et ressent l’incompressible besoin d’être toi-mêne bête.
Prends une allumette. Allume ta cigarette!
Le baiser, mon ami, est l’antichambre du crachat.
La main qui caresse est la meme que celle qui lapide.
Si quelqu’un témoigne une lourde peine face à ta ta plaie,
Lapide cette main vile qui te caresse.
Crache dans cette bouche qui te baise!




Psicologia de um vencido

Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância…
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme – este operário das ruínas -
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e á vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!


.
Psychologie d’un vaincu


Moi, fils du charbon et de l’ammoniac,
Monstre d’obscurité et de rutilances,
Souffrant depusi l’hypergenèse de l’enfance
La mauvaise influence des signes du zodiaque.
Profondément hypocondriaque
Ce climat provoque ma répugnance…
Je souffre une anxiété analogue a l’anxieté
Qui s’échappe de la bouche d’un cardiaque.
Dejá le vers - cet ouvrier des ruines -
Que le sang pourri des carnificines
Mange, et qui à la vie en general déclare la guerre,
Est en train de guetter mes yeux pour les ronger,
Et il s’apprête à me laisser à peine les cheveux,
Dans la froideur inorganique de la terre!

















3 comentários:

  1. Dois anos Dois Poemas..Traduzir é trair!?!

    Talvez a 'coisa' mais difícil do mundo, antes mesmo de escrever..seja traduzir..é a primeira vez que coloco na roda..eles estavam presos em algum lugar entre meu falso ego e o departamento de francês da Faculdade de Letras da Ufmg..
    EnfiN!?

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  2. Parabéns pela iniciativa, Guilherme! Dê continuidade a esse trabalho, viu? Independente das academias!

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    1. Querida Professora..'independente das academias'..é Phoda !!!

      ..preciso do dinheiro dela pra poder ter tempo e técnica para fazê-lo..

      Enfim..
      Grato!Bjs-Abs..

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